Isso ocorre após a Lei de Cortes de Impostos e Empregos (TCJA) de 2017, que cortou a alíquota de impostos corporativos de 35% para 21% e reduziu as alíquotas de impostos individuais em toda a linha. No entanto, um olhar mais atento revela quem realmente se beneficiou: as empresas e os ricos.
As pessoas de alta renda tiveram um aumento significativo, com o 1% do topo desfrutando de um aumento de 2,2% na renda após os impostos. Enquanto isso, os contribuintes de classe média receberam um alívio temporário por meio de uma dedução padrão mais alta, mas também enfrentaram novos limites nas deduções de impostos estaduais e locais (SALT).
Agora, com os planos de estender os cortes de impostos do TCJA que favorecem desproporcionalmente as pessoas de alta renda e, ao mesmo tempo, eliminam o imposto de renda para aqueles com menos de US$ 150.000, surge uma questão crítica: Quem arcará com a carga tributária restante? A resposta é: ou a classe média ou ninguém - o que significa o possível colapso da Previdência Social e do Medicare.
A ilusão de um sistema "livre de impostos" para os trabalhadores
Superficialmente, a proposta de Lutnick de isentar de impostos as pessoas de baixa renda parece ser uma vitória para os trabalhadores americanos. Entretanto, como acontece com a maioria das políticas tributárias, a realidade é mais complexa.
A Previdência Social e o Medicare não podem sobreviver sem a receita tributária
Se o governo realmente pretende remover os impostos sobre a renda e sobre a folha de pagamento para aqueles que ganham menos de US$ 150.000 e, ao mesmo tempo, manter os cortes de impostos da TCJA, isso criaria uma crise existencial para a Previdência Social e o Medicare - programas dos quais milhões de americanos aposentados e trabalhadores dependem.
Esses programas são financiados principalmente por meio de impostos sobre a folha de pagamento, que geraram US$ 1,23 trilhão somente em 2023, representando cerca de 90% da receita da Previdência Social e uma parte importante do financiamento do Medicare. Sem um fluxo contínuo de contribuições de impostos sobre a folha de pagamento dos trabalhadores, esses benefícios deixariam de existir.
Simplificando, se um número suficiente de faixas de renda for isento de impostos sobre a folha de pagamento, esses programas serão totalmente cancelados.
Os três resultados possíveis
Se esse plano tributário for adiante, um dos três cenários deve se desenrolar:
Gastos maciços com déficit - O governo poderia continuar financiando a Previdência Social e o Medicare aumentando a dívida nacional. No entanto, isso seria difícil de vender politicamente, pois exigiria o empréstimo de quantias sem precedentes.
Cortes drásticos nos benefícios ou aumento da idade de aposentadoria - Os benefícios poderiam ser reduzidos ou a idade de aposentadoria poderia ser tão elevada que o Seguro Social se tornaria sem sentido. Em um caso extremo, os americanos poderiam não se qualificar para os benefícios completos até a idade de 125 anos.
Impostos novos ou mais altos sobre a classe média - Um imposto nacional sobre o consumo (como um imposto sobre o valor agregado) ou impostos estaduais e locais mais altos poderiam ser introduzidos para compensar a perda de receita. Isso transferiria a carga tributária de volta para a classe média, substituindo efetivamente uma forma de tributação por outra.
Não existe um modelo econômico realista no qual os impostos sobre a folha de pagamento sejam eliminados para a maioria dos assalariados sem desmantelar totalmente esses programas. Embora os republicanos tenham discutido há muito tempo a privatização da Previdência Social, essa proposta pode ser a tentativa mais agressiva de atingir esse objetivo.
Os ultra-saudáveis pagarão a diferença?
Resposta curta: Não. Eles nunca fizeram isso, e a TCJA nunca foi projetada para fazê-los começar. Não há razão para acreditar que essa proposta seria diferente.
A TCJA reduziu permanentemente os impostos corporativos, enquanto os cortes nos impostos individuais - aqueles que ofereceram algum alívio à classe média - estão programados para expirar em 2025. Isso indica claramente quem essas políticas pretendem beneficiar: as empresas e os ultra-ricos, cujas isenções fiscais permanecem intactas.
Se o plano para eliminar os impostos de renda para aqueles que ganham menos de US$ 150.000 for implementado, o ônus financeiro não recairá sobre os mais ricos - recairá sobre a classe média.
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