Há quase um ano, têm surgido relatos sobre chatbots de IA que levam as pessoas à automutilação, delírios, hospitalização, prisões e até mesmo ao suicídio. As famílias das pessoas afetadas pediram salvaguardas, mas as empresas de IA demoraram a responder. A OpenAI, frequentemente mencionada nesses casos, tem dado garantias vagas, até agora.
Em uma recente publicação no blog, a OpenAI reconheceu algumas falhas e revelou que agora está examinando ativamente as conversas dos usuários em busca de conteúdo nocivo. As conversas potencialmente perigosas são encaminhadas para revisores humanos e, em alguns casos, sinalizadas para as autoridades policiais.
A empresa explicou que, se uma conversa sugerir planos para prejudicar outras pessoas, ela poderá ser encaminhada para equipes de análise especializadas que poderão tomar medidas, inclusive banir contas. Se os revisores identificarem um risco iminente de danos físicos graves, o caso poderá ser relatado à polícia. No entanto, a OpenAI esclareceu que os casos de automutilação não estão sendo encaminhados para a polícia, citando a natureza privada das interações dos usuários.
Essa nova abordagem levanta questões. As políticas da OpenAI proíbem os usuários de promover o suicídio, criar armas, causar danos ou violar sistemas de segurança. No entanto, o limite exato para o escalonamento de bate-papos ainda não está claro, deixando ambiguidade sobre o que pode desencadear uma revisão ou indicação humana.
Os críticos apontam contradições nas mensagens da OpenAI. Embora a empresa afirme priorizar a privacidade do usuário, chegando a lutar na justiça para evitar a entrega de conversas de usuários a editores como o New York Times, ela admite simultaneamente monitorar conversas e possivelmente compartilhá-las com autoridades.
A tensão reflete um dilema mais amplo: a OpenAI enfrenta reações negativas por resultados prejudiciais vinculados à sua tecnologia, mas não tem uma maneira clara de proteger os usuários sem prejudicar suas promessas de privacidade. O CEO Sam Altman já advertiu que usar o ChatGPT como terapeuta ou advogado não oferece confidencialidade, especialmente porque as batalhas legais podem forçar a empresa a compartilhar os registros de bate-papo no tribunal.
Presa entre a segurança pública, a privacidade e as crescentes ações judiciais, a OpenAI está sob crescente pressão para conciliar suas promessas com suas práticas.
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