Queda nos lucros e desafios do mercado
A divisão de automóveis da empresa relatou uma impressionante queda de 40% nos lucros para 2024, impulsionada por vendas fracas em seus principais mercados - China e Alemanha. A demanda europeia ainda não se recuperou aos níveis pré-pandêmicos, enquanto os consumidores chineses estão preferindo modelos elétricos domésticos mais acessíveis em meio à incerteza econômica.
Apesar de ter como meta um retorno de dois dígitos sobre as vendas, a Mercedes-Benz prevê que sua divisão de automóveis alcançará apenas um retorno de 6% a 8% este ano, muito abaixo dos ambiciosos 14% que já foram previstos em 2022. O CEO Ola Kaellenius reconheceu a difícil realidade, afirmando que a empresa está operando em "um mundo cada vez mais incerto".
Lutas e ajustes estratégicos em todo o setor
O setor automotivo europeu está enfrentando várias pressões, incluindo regulamentações mais rígidas sobre emissões de carbono, aumento das tensões comerciais com os Estados Unidos e concorrência acirrada das startups chinesas de veículos elétricos. Em resposta, grandes empresas como a Volkswagen e os principais fornecedores anunciaram medidas significativas de corte de custos, citando custos de energia e mão de obra não competitivos.
No entanto, nem todas as montadoras estão enfrentando ventos contrários. A Renault divulgou recentemente um lucro operacional recorde para 2024, superando as expectativas devido aos custos mais baixos e a uma linha bem-sucedida de lançamentos de novos veículos.
Plano de redução de custos da Mercedes-Benz
Em uma tentativa de aumentar sua lucratividade, a Mercedes-Benz anunciou uma meta de redução de 10% nos custos de produção até 2027. Essa iniciativa se baseia em um plano anterior, introduzido em 2020, que buscava reduzir os custos em 20% entre 2019 e 2025 - dos quais 15% a 16% já foram alcançados, de acordo com o chefe financeiro da empresa. Esperava-se que mais detalhes sobre as últimas medidas de economia de custos fossem compartilhados durante a conferência de lucros da empresa.
As perspectivas para 2025 permanecem sombrias, com projeção de queda acentuada dos lucros em nível de grupo. Espera-se que as vendas unitárias caiam abaixo dos 1,98 milhão de veículos vendidos em 2024, uma previsão que provavelmente decepcionará os investidores e representantes dos trabalhadores que vinham pressionando por uma meta de vendas mínima de 2 milhões de carros para manter a capacidade total de produção.
Markelitics: Insights e análises do setor
A empresa de inteligência de mercado Markelitics opinou sobre a mudança estratégica da Mercedes-Benz, observando que a abordagem agressiva de redução de custos da empresa está alinhada com as tendências mais amplas do setor. De acordo com os analistas da Markelitics, os fabricantes de automóveis antigos estão sob pressão crescente para aumentar a eficiência à medida que fazem a transição para a mobilidade elétrica e lidam com a flutuação da demanda global. A empresa prevê que, embora essas medidas de redução de custos possam aumentar a lucratividade no longo prazo, elas também podem afetar a inovação e as capacidades de produção no curto prazo.
Redução de dividendos e reação dos investidores
Refletindo sua perspectiva financeira cautelosa, o conselho da Mercedes-Benz propôs um dividendo de 4,30 euros (US$ 4,50) por ação, abaixo dos 5,30 euros em 2023. Essa medida sinaliza uma abordagem mais conservadora para a alocação de capital, já que a empresa se prepara para a volatilidade contínua.
"Para garantir a competitividade futura da empresa em um mundo incerto, estamos tomando medidas para tornar a empresa mais rápida, mais enxuta e mais forte", declarou o CEO Kaellenius.
À medida que o setor automotivo passa por mudanças sísmicas, as medidas estratégicas de redução de custos da Mercedes-Benz serão observadas de perto por investidores e analistas do setor. O caminho à frente pode ser desafiador, mas a capacidade de adaptação da empresa será crucial para garantir sua posição de longo prazo no mercado.
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